terça-feira, 11 de março de 2014


          A mente precisa de um cérebro para existir? 

 A consciência existe de forma independente do cérebro? As pessoas passam por experiências quando os seus cérebros estão clinicamente mortos, podendo lembrá-las no futuro, denominadas de “experiências de quase-morte” (EQM)?


                                        


Se sim, com qual frequência isso ocorre? E que tipo de experiências são essas? Elas podem ser atribuídas à aspectos fisiológicos ou farmacológicos que acompanham a morte? A origem está nas crenças psicológicas que elas possuem sobre a morte? Ou essas experiências retratam realmente uma realidade transcendente ao corpo?

Em 2001, um pequeno grupo de cientistas britânicos publicou um estudo piloto com o intuito de verificar a frequência e as possíveis causas das EQMs, nos sobreviventes de parada cardíaca¹. Tais pacientes são bons modelos para esse tipo de estudo, porque eles são ressuscitados através de um procedimento padrão e, portanto, recebem as mesmas drogas e os mesmos tratamentos.

Esses pacientes apresentaram, pelo menos, dois dos três critérios de alguém considerado morto: eles não tinham batimentos cardíacos ou respiração espontânea. Clinicamente, a maior parte desses pacientes também desenvolveu uma terceira característica – pupilas fixas e dilatadas, como resultado da perda de atividade cerebral.

Todos as medidas fisiológicas e farmacológicas desses pacientes foram registradas, no decorrer da estadia no hospital. Ao longo de um ano, todos os sobreviventes da parada cardíaca do Hospital Geral de Southampton, foram identificados e entrevistados, depois que as medidas habituais de integridade dos voluntários da pesquisa foram adotadas.

Os pacientes foram questionados, de maneira aberta, se eles possuíam algum tipo de memória sobre o tempo que estavam inconscientes. Todos os relatos referentes à alguma memória, foram avaliados de acordo com a Escala Greyson, divididos em um grupo de EQM e outro grupo de controle, daqueles que não tiveram tais experiências.

Dos 63 sobreviventes da parada cardíaca, 56 (88,8%) não tinham nenhuma lembrança do período de inconsciência. Sete tiveram pelo menos alguma memória e, destes, quatro (6,3%) tiveram experiências que preenchiam os critérios de uma EQM.

Dos três que não preencheram os critérios, dois relataram, no mínimo, uma característica consistente de uma EQM. Dos quatro pacientes, todos disseram chegar a um ponto sem volta. Três disseram ter visto uma luz e experimentaram sentimentos de paz, alegria, calma e lucidez. Metade dos 4 pacientes, disseram ter encontrado algum parente falecido, de ter entrado em uma nova realidade, ter a sensação de tempo acelerado, paz, e aumento dos sentidos.

Nenhum dos pacientes disse que tais experiências foram perturbadoras ou traumáticas, mas sim, agradáveis. Nenhum deles relatou experiência fora-do-corpo, no ambiente hospitalar.

O paciente que marcou a pontuação mais alta na Escala Greyson foi um homem que se dizia católico não praticante. Os outros 3 pacientes do grupo EQM faziam parte de uma Igreja da Inglaterra.

Possíveis fatores fisiológicos não puderam ser estudados de maneira ampla, devido ao número pequeno de pacientes. Porém, é interessante notar que os pacientes do grupo de EQM tinham níveis de oxigênio mais elevados que o grupo de controle.

O momento exato que essas experiências ocorrem é difícil de identificar. Todavia, os dados apoiam a surpreendente conclusão de que as EQMs ocorrem em um período de inconsciência, quando o cérebro do paciente está em coma profundo e as estruturas cerebrais, geralmente consideradas como necessárias para a experiência subjetiva e formação de memória, estão seriamente prejudicadas ou inativas.

Se a EQM ocorre em um período que a consciência é perdida, juntamente com as memórias relatas nesse mesmo momento, então o coerente era um estado de confusão, mas nenhum indivíduo relatou essa experiência. Esses indivíduos tinham memórias lúcidas e altamente estruturadas narrativamente, facilmente lembradas e com características claras, ao contrário de alucinações ou estados confusos.

Nenhum dos pacientes relatou experiência fora-do-corpo, embora seja uma característica relativamente comum nas EQMs. Os cientistas haviam colocados placas suspensas no teto dos hospitais. Elas tinham números e não eram visíveis do chão.

Se alguém diz estar fora do corpo, observando o próprio corpo do teto, então seria de se esperar que tal indivíduo fosse capaz de identificar as placas. Mas, se a percepção fosse de origem psicológica, então o esperado é que as placas não fossem vistas.

Esse estudo fornece evidências de que as EQMs, entre os sobreviventes de parada cardíaca, são relativamente raras e provavelmente ocorrem em períodos que o cérebro está desligado. E as memórias que são formadas nesse período de inconsciência possuem, em sua maioria, pelo menos alguma característica de quase-morte. Certamente, um estudo maior, incluindo várias instituições, deve ser realizado para a verificação das hipóteses psicológicas, fisiológicas e transcendentais.

Após a publicação do estudo, o Dr. Sam Parnia, seu principal autor, disse à Reuters que já havia conseguido identificar mais de 3.500 pessoas com memórias lúcidas no momento em que aparentemente estavam moras clinicamente.

Um paciente possuía cerca de 2 anos e meio de idade, quando teve uma parada cardíaca, depois de uma convulsão. Seus pais disseram que o menino “desenhou uma imagem de si mesmo fora do corpo”.

“Ele desenhou uma espécie de balão preso ao corpo”. Quando foi questionado sobre isso, ele respondeu: “Quando você morre, você enxerga uma luz brilhante e fica ligado numa corda”. Depois de 6 meses de ter recebido alta do hospital, o menino fez um desenho da mesma experiência.

Parnia especulou que a consciência humana pode funcionar independentemente do cérebro, onde este seria apenas um receptor da consciência e de manifestação de pensamentos, assim como uma televisão, que traduz um sinal elétrico em imagens e sons.

Chris Carter é formado pela Universidade de Oxford em Filosofia e Economia, e é o autor do livro “Ciência e EQM” (tradução livre).

Fonte: EPOCH TIMES

Referências

Parnia, Sam; Waller, D. G.; Yeates, R.; Fenwick, Peter. A qualitative and quantitative study of the incidence, features and aetiology of near death experiences in cardiac arrest survivors, Resuscitation 48 (2001) 149–156. [Link]


fonte da matéria:http://pensaralem.wordpress.com/2014/03/11/a-mente-precisa-de-um-cerebro-para-existir/#more-4596